Vamos falar de mais um conversa. E talvez também de alguns pensamentos. Como o leitor já adivinhou, escolher será o tema. Se se trata simplesmente de contar o número de escolhas, o que nos levaria a pensar ter o post algo a ver com matemática, se se trata de algo do tipo orientação para fazer uma escolha, o que, haja interesse ou não na orientação que se dê, não tem nada a ver com a orientação como desporto de floresta, ou mesmo se se trata de imaginação, ainda que motivada por alguma outra coisa possivelmente começada por i, isso o leitor ainda não sabe.
Não se trata de um suspense que tencionemos manter, por isso informamos já que se trata da escolha de um carro. As alternativas são mais que muitas. O número de marcas disponíveis é grande. Multiplicando esse número pelo número médio de modelos produzido por cada marca chegamos a um número bastante maior. Mais pequeno que o gogol, já mencionado nesta sessão de boas-vindas, mas mesmo assim grande.
A estratégia para a escolha poderia ser a habitual. Começar por ouvir um conselho amigo. Uma marca começada por A, por B, por F, ou mesmo por M foi o que primeiro se ouviu. Começar por V poderia não ser boa ideia, pelo risco de ir calhar nalgum modelo fabricado em Palmela. Esta restrição foi aceite. A possibilidade de começar por O também foi descartada. Não que houvesse algo contra aqueles carros que orgulhosamente exibimos como “de tecnologia alemã”, mas daí a esses mesmos carros com volante à direita batizados de Vauxhall, com nome a começar por V e com risco de virmos a chegar a algum modelo fabricado em Palmela, poderia ser um pequeno passo. Não vislumbramos nenhuma razão para descartar o P a não ser o começar por P, mas essa talvez seja razão suficiente.
E foi este o início das conversas que relatamos neste post.
Aston Martin, Bentley, Ferrari ou Maserati pensou logo alguém. E outro alguém pensou: onde é que isso é fabricado? Ah, não, essas não são marcas apropriadas.
Poderia pensar-se em série 3, série 5 ou mesmo série 7. Só que esses números são primos. Primos e esse tipo de coisas são aquilo com que gastavam o tempo alguns para os lados de Siracusa e que, ao que sabemos, deram uma contribuição nula para as empresas da época. Alguns empresários atuais, porventura conscientes da importância dessas brincadeiras com primos para a criptografia, pensarão que valeu a pena. De outro modo, não conseguiriam hoje fazer transações de forma segura. “Já percebi!”, exclamou alguém. Pode ser um 913 Carrera, da Porsche. Achavas que eu não iria descobrir que 913 é divisível por 11?, ouviu-se. Bastou fazer a conta 9-1+3 e logo vi! Ah, não pode ser; o P já tinha sido excluído. Inadvertidamente os Porsche ficaram de fora. Mas convenhamos que esses não precisam de publicidade. Espera, posso começar por uma letra e juntar-lhe um número? Nesse caso, começamos pelo princípio: um A. Juntamos-lhe o primeiro positivo não primo. E depois o outro. Ficamo-nos então por um A4 e um A6.
Agradecidas tão amáveis sugestões, trabalhou-se na publicitação e tudo ficou a postos para os sorteios.
Como quem não quer a coisa, a apresentadora refere a participação no sorteio como sendo um ato de cidadania. O que podemos dizer daqueles que declaram não querer participar no sorteio? Que perderam uma boa oportunidade de ser bons cidadãos. Como a terão perdido ao solicitar a fatura sem a inclusão do nif, poupando assim a si próprios um minutinho bem como aos que se lhe seguiam na fila para pagar. Talvez esteja a ser exagerado. Um minuto para introduzir o número de contribuinte é demais. Se o cliente tiver uma boa dicção e o operador de caixa um bom ouvido a coisa pode resolver-se nuns 10 segundos. Alternativamente, podemos imaginar que o cliente tem o seu papelzinho amavelmente disponibilizado de forma gratuita, apenas houve que o imprimir (não estou a pensar nos fabricantes de impressoras, caso contrário haveria que dar a informação da absoluta necessidade de usar tinteiros originais; com os reciclados a maior parte do lucro vai para o ambiente…) Se a uma caixa do supermercado chegarem 3 clientes sensivelmente ao mesmo tempo, fazem uma fila. O primeiro aumenta 10 segundos ao tempo necessário para proceder ao pagamento da sua conta. O segundo junta aos 10 segundos gastos a mais pelo primeiro o tempo de que necessita e outros 10 segundos. Com o terceiro acontece algo de semelhante. Só que este gasta a mais 20 segundos da conta dos outros e 10 da conta dele. Mais meio minuto, portanto. Admitindo que uma caixa tem uma fila constante de 3 clientes, a cada 3 clientes há um minuto perdido. Se a fila for de 4 clientes, há mais…
O manter a ocupação com algo inútil revela-se bastante eficaz contra uma possível subida de produtividade. Será essa a ideia?
Com a colaboração do leitor, tive aqui meu ato de cidadania. Afinal, contribui para que houvesse tempo perdido. Talvez a falta de colaboração faça com que não tenha sido bem sucedido, mas esforcei-me…
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João Torres (@jvtorr… em Bem vindo (números) claudiatd em Bem vindo (5) claudiatd em Bem vindo (4) Arquivos
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